Brasil
vai desenvolver teste para detectar Zika em sangue de doadores
- 19/02/2016 20h43
- Brasília
Aline
Leal - Repórter da Agência Brasil
O Brasil vai desenvolver um teste
para detectar o vírus Zika em bolsas de sangue para doação. O exame será
semelhante ao Teste de Ácido Nucleico (NAT, na sigla em inglês), utilizado para
identificar HIV e hepatites B e C no sangue de potenciais doadores.
A pesquisa para o desenvolvimento
do produto será feita pelo Instituto Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), e não tem prazo para ser concluída. “A expectativa é que isso seja
feito rapidamente”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Castro, depois do
encerramento de reunião na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),
envolvendo os governos brasileiro e norte-americano.
Pelas regras brasileiras, quem
teve quadro infeccioso - de dengue, chikungunya, Zika ou outras doenças - deve
ficar 30 dias sem doar sangue, a partir do desaparecimento dos sintomas. Porém,
80% dos casos de Zika não têm manifestações sintomáticas. “Muitas pessoas que
têm o vírus Zika não sabem que estão infectadas. Quem não sabe pode vir a doar
sangue e contaminar outra pessoa”, explicou Castro.
De acordo com o secretário de
Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, serão recolhidas amostras de
sangue de 300 pessoas infectadas pelo Zika para que os pesquisadores possam
avaliar se há variações do vírus.
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“Nada me garante nesse momento
que o vírus é igual em todos os pacientes, então pegaremos essas amostras para
ter convicção e fazendo esse painel podemos pegar o que é representativo do vírus
no país. Mas, pelo que sabemos até agora, só existe um sorotipo do Zika”, disse
Beltrame.
Parceria
internacional
A ideia do teste de Zika para
doadores de sangue surgiu durante reunião na Opas com pesquisadores do Brasil e
dos Estados Unidos, encerrada hoje. O encontro reuniu os institutos Butantan,
Biomanguinhos e Evandro Chagas, e os ministérios da Ciência, Tecnologia e
Inovação e da Saúde, além de representantes norte-americanos do CDC, do
Departamento de Saúde e da Food and Drug Administration (FDA).
Segundo Beltrame, a FDA firmou
parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que ambas
possam acompanhar as pesquisas e acelerar a validação do teste, etapa da
pesquisa que atesta a eficácia e a segurança do produto. “No trânsito normal,
teríamos que testar (o novo NAT) no mundo inteiro”, explicou o secretário.
Segundo ele, o acordo traz uma economia de anos para a finalização do processo.
Apesar de não haver prazo para
produção do exame, Beltrame diz esperar que o teste esteja disponível ainda no
primeiro semestre de 2016.
O Brasil já confirmou pelo menos
uma transmissão de Zika por
transfusão de sangue, porém, segundo a Associação Brasileira de Hematologia,
Hemoterapia e Terapia Celular, esse é um evento raro.
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