Jungmann
diz que melhor política contra a criminalidade é a prevenção
Publicado
em 28/06/2018 - 21:22
Por Cristina
Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
O ministro da Segurança Pública,
Raul Jungmann, disse que se fala muito em repressão à criminalidade no Brasil,
quando a melhor política que pode ser praticada é a da prevenção. Na visão
dele, a sociedade, com razão, quer punição aos criminosos, mas, nomeando todas
as facções espalhadas no país, alertou que o sistema penitenciário é
“controlado pelas grandes gangues”. “Nós nos tornamos recrutadores dos
soldados para o crime organizado que vai para dentro do sistema penitenciário,
ou seja, nós estamos fazendo crescer um monstro para nos destruir. Vamos ser
claros. Precisamos desarmar isso”, disse.
De acordo com o ministro, o
“motor da violência” no Brasil está na juventude de 15 a 24 anos. “Se olhar o
que acontece no sistema prisional e nas periferias é ver essa moçada que está
morrendo, mas também está matando muito acima da média”, disse, destacando que
são esses jovens que, ao serem presos, aumentam o número de integrantes de
facções criminosas nas prisões.
Esta violência também se reflete
na sociedade. “Uma sociedade que é vulnerável, que sai daqui e pode levar uma
bala perdida, como aquele garoto ou os policiais que estão morrendo para salvar
nossas vidas. Isso é trágico, revoltante e indigno”, disse o ministro.
Terceira maior população carcerária
De acordo com o ministro, o
sistema prisional brasileiro tem atualmente a terceira maior população
carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China. Ele destacou que os
números, que não são exatos, apontam para 726 mil apenados no Brasil, número
que cresce a cada ano. Jungmann disse que a população prisional está crescendo,
em média, 7% ao ano. Isso resultará, ao final de 2019, em mais de 1 milhão de
presos no Brasil.
“São jovens que estão indo para a
cadeia, é o nosso futuro que está indo para a cadeia e esses jovens que estão
lá sobretudo são pretos, pardos, de baixa educação e de baixa renda, ou seja,
somos também seletivos neste sentido. Não estamos criando oportunidade para
esta juventude”.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann,
participa da feira de defesa Ridex, no Píer Mauá, Rio de Janeiro - Fernando
Frazão/Agência Brasil
Plano nacional
Para o ministro, o Brasil precisa
elaborar um plano decenal de segurança pública construído por todos os que
fazem parte dessa área. Jungmann disse que, pela primeira vez, o governo
federal lidera ações de segurança pública e avaliou que este é o motivo de, até
agora, não ter sido preparada uma política nacional para o setor.
Essa lacuna, para Jungmann, não
foi solucionada pela Constituição de 1988, que embora tenha definido atuações
nas áreas de saúde e educação, inclusive com destinação de recursos, não
garantiu tratamento semelhante para a segurança.
Uma das preocupações com a
criação do ministério, foi definir além das áreas de atuação, as formas de
garantir os recursos necessários para um setor que dependia apenas de orçamento
de governos estaduais. Segundo o ministro, com o Sistema Único de Segurança
Pública (Susp) esta situação mudou porque os recursos passaram a ser definidos
por lei. A isso, se juntou a linha de crédito aberta pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para a contratação de empréstimos aos estados
destinados a projetos da área de segurança.
Integração
Segundo Jungmann, a palavra-chave
para enfrentar o crime organizado no país é integração, sem o que não se resolve
o problema. Na visão do ministro, parte do enfrentamento dessa questão, avançou
com a criação do Susp, alimentado por dados e avaliações de órgãos de segurança
federais e estaduais. Além disso, começou a funcionar a Câmara Setorial de
Prevenção Social e de Segurança, que se reúne frequentemente no Palácio do
Planalto, com a participação dos ministros da área social do governo. Um dos
resultados desses encontros é a parceria com o ministério da Educação para a
inauguração de uma Escola de Segurança Pública.
Jungamann deu as declarações
durante participação no Rio International Defense Exhibition -Ridex 2018, no
Pier Mauá, centro do Rio, uma feira de equipamentos de Defesa. Depois da
palestra, o ministro foi atendido, em uma sala reservada, por uma médica da
marinha, porque estava sentindo muita dor provocada por uma otite no ouvido
esquerdo. Lá mesmo ele foi medicado e percorreu a feira.
Edição: Fábio
Massalli
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