Voluntários
acumulam eventos no currículo e elogiam vivência
- 13/11/2016 12h22
- Rio de Janeiro
Vinícius
Lisboa - Repórter da Agência Brasil
A servidora pública Glória
Melgarejo, de 50 anos, revisava um texto quando leu sobre a seleção de
voluntários para a abertura da Olimpíada do Rio de Janeiro. Interessada, ela se
inscreveu e começou ali a "carreira" de voluntariado que nas últimas
duas semanas fez uma parada em Cuiabá, para os Jogos Universitários Brasileiros
(JUBs). Histórias como a dela, em que um voluntariado foi levando a outros, não
são difíceis de encontrar.
Glória dançou na abertura da
Olimpíada e também participou das duas cerimônias da Paralimpíada. "Sempre
pensei em voluntariado, mas não para esse tipo de situação", disse, que a
servidora que também é jornalista. "Tem muito a ver com a nossa área, de
ser curioso. Tem amigo meu que fala que eu sou maluca, que estou tirando férias
para trabalhar".
A ida para o JUBs foi combinada
com um dos amigos que fez na Olimpíada, o professor de educação física,
pedagogo e enfermeiro Paulo Roberto Batista, de 44 anos, que tinha começado no
voluntariado um pouco antes, na Copa do Mundo de 2014.
"Acho bonito o trabalho, mas
acho que o voluntariado no Brasil ainda está engatinhando, pouco
desenvolvido", disse. Para os próximos anos, as metas são ir para os Jogos
de Tóquio, Copa do Mundo da Rússia e Pan-Americano de Lima.
Paulo acredita que o voluntariado
vem crescendo no Brasil e que empresas e universidades poderiam se inspirar em
outros países e valorizar quem tem a experiência no currículo. "Tenho
amigos que moram no Canadá, e que dizem que quem não faz voluntariado, não se
forma".
Ser voluntário requer suporte
financeiro enquanto o trabalho não remunerado é exercido. João Gustavo de
Oliveira, de 17 anos, mora em Palmas, capital do Tocantins, e chegou a se
inscrever para ser voluntário nos Jogos do Rio, mas problemas financeiros na
família impediram que fosse para a competição.
"Comecei quando tinha 12
anos", disse o estudante de ensino médio, que quer cursar odontologia e
trabalha como voluntário no JUBs deste ano. "A experiência é o que conta
mais, a convivência com pessoas de outros estados e a troca de experiências".
João Gustavo informou já ter sido voluntário em mais de 70 eventos,
incluindo os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.
"A família gosta bastante,
mas alguns me criticam e falam que já está demais. Eles perguntam porque você
não trabalha ganhando em vez de trabalhar de graça?"
A crítica é muito parecida com a
que ouve o cuiabano Thiago Barroso, que começou a ser voluntário quando a Copa
do Mundo chegou a seu estado, e também trabalhou nos Jogos Olímpicos. "Na
Paralimpíada, eu não trabalhei porque tive que voltar para me formar",
disse, informando que concluiu curso de técnico em radiologia.
"Muita gente falava pra mim:
'estão ganhando milhões, e esse povo besta trabalhando' sem ganhar nada. Mas se
eu estou fazendo o que eu estou gostando, para mim é essencial".
Hoje desempregado, Thiago
acredita que a experiência como voluntário pode ajudá-lo a encontrar trabalho
remunerado. "A gente enriquece conhecimentos, conhece pessoas, novas
culturas".
Edição: Aécio
Amado
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