Eletrobras
pode perder gestão de fundo, dizem fontes
Agência
Brasil
Energia elétrica: ideia no momento é passar essa
atribuição para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),
disseram as fontes
Leonardo
Goy, da REUTERS
Brasília - O governo
federal estuda tirar da estatal Eletrobras
a gestão da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo formado por um
encargo cobrado nas contas de luz que banca diversos subsídios no setor
elétrico, disseram à Reuters duas fontes do governo com conhecimento do
assunto.
A ideia no momento é passar essa
atribuição para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),
disseram as fontes, sob a condição de anonimato.
O plano insere-se em uma
estratégia do novo governo de dar à Eletrobras um caráter mais empresarial,
reduzindo a atuação da estatal como um como braço de políticas públicas.
Segundo ambas as fontes, a
primeira opção em análise é que a gestão da conta seja feita pela CCEE,
instituição privada que administra diversas operações financeiras do mercado de
energia.
Se a ideia prosperar, caberia à
CCEE receber a arrecadação do encargo CDE, cobrado pelas distribuidoras junto
aos consumidores, e repassar o dinheiro para as diversas aplicações geridas
pelo fundo, que vão desde subsídios a consumidores de baixa renda a projetos de
universalização de energia, como o Luz Para Todos.
Uma das fontes sublinhou que para
que a CCEE administre os recursos ainda é preciso equacionar dúvidas sobre
aspectos tributários da operação. A ideia é evitar que, uma vez na CCEE, o
dinheiro da CDE possa ser tributado pelo fisco como se fosse uma receita
própria da entidade.
Segundo essa fonte, se a gestão
pela CCEE não for viável, um “plano B” seria a contratação de um banco público,
como o Banco do Brasil ou o BNDES, para realizar a função.
Procurado, o Ministério de Minas
e Energia não comentou imediatamente. A CCEE também não respondeu imediatamente
a pedido de comentário.
Em 2015, a CDE teve um orçamento
de 25,25 bilhões de reais, reduzido para 19,4 bilhões de reais neste ano,
segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
POLÊMICA COM FUNDO
A retirada da gestão da CDE das
mãos da Eletrobras também poderia reduzir riscos polêmicas envolvendo esses
recursos, após a Aneel ter condendado a estatal no início de maio a devolver
mais de 2 bilhões de reais a um outro fundo setorial, a Reserva Global de
Reversão (RGR).
A agência entendeu que a
Eletrobras utilizou indevidamente entre 1998 e 2011 recursos do fundo, que
também são provenientes de cobranças nas tarifas de energia.
Na ocasião, o diretor-geral da
Aneel, Romeu Rufino, chegou a dizer que não era adequado que a Eletrobras fosse
ao mesmo tempo uma empresa que compete no mercado de energia e um agente que
administra fundos setoriais e políticas públicas.
No início de junho, o Ministério
de Minas e Energia já decidiu que a Eletrobras não participará mais de reuniões
ordinárias do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão que reúne
autoridades e instituições setoriais para acompanhar obras e toma importantes
decisões para a área de energia.
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