Campanha destaca necessidade de prevenir
acidentes de trabalho
Número de ocorrências caiu nos últimos anos, mas ainda preocupa
Publicado em 03/04/2019 - 19:20
Por Jonas Valente -
Repórter da Agência Brasil Brasília
O governo federal, empresas e entidades sindicais lançaram hoje (3) em
Brasília a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Canpat)
2019. O objetivo é destacar a necessidade de adotar medidas para evitar tais
acidentes, bem como doenças associadas aos empregos. A campanha prevê tantas
ações de fiscalização de órgãos como a Secretaria do Trabalho quanto projetos
de educação em escolas para apresentar dados sobre o tema e mostrar a
importância da prevenção para diminuir os riscos de que esses episódios se
reproduzam no ambiente de trabalho.
Mudança de cultura
Segundo o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno
Dalcomo, houve uma redução relevante na incidência de acidentes, mas, em
números absolutos, o volume ainda é muito grande. "Mais importante que
isso, ainda temos 2,3 mil mortes. Por isso, é importante reforçar iniciativas
na construção de uma cultura de prevenção”, afirmou Dalcomo na cerimônia de
lançamento da campanha.
Ele destacou que um desafio é a prática de subnotificação no país, quando os acidentes ocorrem, mas a empresa não elabora o CAT, o que impede que o caso seja registrado como tal. De acordo com o secretário, embora este seja um fenômeno geral, ele ainda é muito presente no Brasil. O vice-procurador-geral do Trabalho, Luiz Eduardo Bojart, atribuiu a ocorrência dos acidentes ao “descaso com a prevenção”. “Quando você estabelece negócio, investe em equipamentos e instalações, mas você ‘gasta’ com segurança do trabalho. É vista como ônus”. Ele citou como exemplo o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que considerou um dos maiores acidentes de trabalho do mundo.
O coordenador de Ações Regressivas da Advocacia-Geral da União, o procurador federal Fernando Maciel, também defendeu uma mudança de cultura sobre o tema para que os empregadores passem a se preocupar efetivamente com os riscos. “Não pode [o empresário] só internalizar o lucro e externalizar para a sociedade as despesas”, afirmou, em referência aos custos dos tratamentos e da cobertura dos afastamentos pelo sistema previdenciário.
Normas
O subsecretário de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia, Celso
Amorim, apontou como uma das ações do governo no tema a adoção de soluções
tecnológicas para dar mais eficiência à fiscalização. Nesse sentido, informou
que o governo está revisando as normas regulamentadoras de segurança e saúde do
trabalho, mas afastou a possibilidade de essa flexibilização trazer prejuízos. “Não
existe nenhuma expectativa de redução de direitos e efetividade nas normas. O
que imaginamos é que possamos trazer mais racionalidade sem nenhuma redução
daquilo que é importante. Temos normas antigas. Elas precisam ser efetivas, dar
segurança ao trabalhador e ao empregador de que serão cumpridas”, explicou
Amorim.
O dirigente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Washington Santos, também presente no lançamento, destacou o papel das normas
regulamentadoras de saúde e segurança do trabalho para instituir obrigações de proteção dos funcionários. “Essas normas evitaram que 8 milhões e 46 mil mortes ocorressem nos últimos 20 anos. ” O diretor da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, Martin Hahn, ressaltou a importância da campanha e lembrou que a iniciativa não trata somente de acidentes, mas também das doenças relacionadas ao trabalho, um mal que ainda acomete muitos trabalhadores.
* Texto atualizado
às 13h27 do dia 04/04/2019 para correção. O secretário de Trabalho do
Ministério da Economia é Bruno Dalcomo, e não Fábio Dalcomo.
Tags: acidente de trabalho campanha de prevenção
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