Áreas
úmidas amazônicas passam boa parte do ano alagadas, diz estudo
Trabalho lista as 3.615 espécies de árvores das
florestas da região
Publicado
em 01/09/2018 - 18:21
Por Flávia
Albuquerque - Repórter da Agência Brasil São Paulo
As florestas existentes nas planícies dos rios
amazônicos passam quase metade do ano alagadas, revela estudo feito por um
doutorando no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), campus de Rio Claro, com apoio da bolsa da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). São 3.615 espécies de árvores
conhecidas, número três vezes mais do que o registrado em vegetações como
igapós, pântanos, campinas, mangues e várzeas, que constituem as áreas úmidas
amazônicas.
Flor e fruto em desenvolvimento da Gustavia augusta (cachimbo ou
catoré-mucura), uma das espécies da familia Lecythidaceae, que
forma as florestas em áreas úmidas da
Amazônia
Fapesp/Direitos Reservados
“A lista com o nome de todas as
espécies é a grande contribuição desse trabalho, que tem acesso aberto. Com a
lista, será possível avançar em estudos futuros, pois há um vazio de
conhecimento botânico sobre as áreas úmidas, principalmente nos afluentes dos
rios Solimões e Amazonas. Se houvesse mais inventários, o número de espécies
poderia triplicar de novo rapidamente”, disse o primeiro autor do artigo, Bruno
Garcia Luize.
Para elaborar o estudo, os
autores combinaram dados disponíveis em inventários florestais e coleções
biológicas sobre os nove países onde a bacia amazônica está. O aumento do
número de espécies é resultado da ampliação da área de investigação e dos tipos
de habitat.
“Estudos anteriores focavam
apenas nas florestas alagáveis das várzeas dos rios de água branca e nas
planícies de inundação. Incluímos dados de igapós, de campinas alagadas e de
mangues, por exemplo. Conseguimos também acrescentar dados, além da calha do
Solimões-Amazonas, de afluentes importantes a partir de raros inventários
florestais nos rios Purus, Juruá, Madeira e vários outros”, ressaltou Luize.
Segundo Luize, a grande
sazonalidade das florestas de áreas úmidas que têm períodos de seca e de
alagamento, podem deixar as árvores com até 8 metros de alagamento, o que faz
com essas áreas sejam filtros ambientais que selecionam os indivíduos e
espécies capazes de tolerar inundações. Mesmo assim, o total de espécies das
áreas úmidas amazônicas compreende 53% das 6.727 espécies confirmadas em estudo
mais recente da flora arbórea de toda a Amazônia.
Luize explicou também que a alta
proporção de árvores ocorre pelo intercâmbio das espécies, que as áreas
alagadas demandam um metabolismo diferente das árvores e que algumas espécies
de terra firme também conseguem tolerar as condições de inundação.
“Porém, estudos mostram que as populações nos diferentes ambientes não têm a mesma performance. Basicamente, isso quer dizer que, se for plantada uma semente da mesma espécie de terra firme em uma área inundada, e vice-versa, elas provavelmente não vão vingar. Com isso, chegamos ao extremo que são espécies exclusivas de ambientes de áreas úmidas, ou que só ocorrem nos ambientes de terra firme”, disse.
“Porém, estudos mostram que as populações nos diferentes ambientes não têm a mesma performance. Basicamente, isso quer dizer que, se for plantada uma semente da mesma espécie de terra firme em uma área inundada, e vice-versa, elas provavelmente não vão vingar. Com isso, chegamos ao extremo que são espécies exclusivas de ambientes de áreas úmidas, ou que só ocorrem nos ambientes de terra firme”, disse.
Edição: Nádia
Franco
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