Mulheres no MBA: por que
universidades querem mais candidatas
Programa de bolsas específico, grupos de discussão
e eventos para falar de gênero no mundo dos negócios. Afinal, por que as
universidades querem mais mulheres no MBA?
Por
Priscila Bellini
A área de negócios ainda é bastante masculina. Uma
espiada nos conselhos de administração denuncia o problema: apenas 6% das
cadeiras são ocupadas por mulheres. Entre as 200 maiores empresas brasileiras,
apenas três delas têm mulheres no comando.
Nas salas de aula dos programas de MBA, a situação
tende a ser um pouco mais otimista. Nas escolas renomadas dos Estados Unidos,
por exemplo, o índice sobe para uma média de 30%. Essa numeralha toda aponta um
cenário, no mínimo, desafiador: as mulheres podem até se interessar pela área,
mas dão de cara com um ambiente dominado por homens.
Pensando nisso, cada vez mais universidades aderem
a programas voltados a mulheres e desenvolvem formas de atrair a ala feminina
para os setores de negócios. Com um investimento de 110 milhões de dólares em
candidatos de MBA, a Forté Fellowship (desenvolvida pela Forté Foundation) se destaca. Iniciativa
pioneira, ela atua em nomes como a Harvard Business School e a Saïd Business School (da Universidade de Oxford,
no Reino Unido), e oferece apoio financeiro, além de uma rede de apoio com alumni
e empresas parceiras.
Outra frente para garantir a diversidade dentro das
business schools vem dos próprios estudantes. Como observa a estudante
da Universidade de Michigan e organizadora da
Michigan Business Women Allison Slattery, pensar a diversidade “é uma parte
importante da cultura da universidade”. Dentro da UMich, Allison explica que as
alunas organizam encontros, workshops, palestras e orientação para quem faz o
programa de MBA.
Durante os eventos, questões de gênero dentro dos
negócios fazem parte do pacote. “A Ross School of Business tem uma conversa
aberta sobre os desafios que as mulheres enfrentam em seus programas de MBA”,
resume Allison. Isso inclui estimular o debate sobre o tema, colocar as alunas
em contato com mentoras e convocar tanto as mulheres quanto os homens para
discutir as alternativas possíveis. “O MBW Allies, um grupo de alunos que
querem encorajar a igualdade de oportunidade nos ambientes de trabalho, também
organiza eventos e convida palestrantes para conscientizar os homens sobre os
temas atuais”, complementa Allison.
Com a ajuda do MBA, Allison destaca que as alunas
conseguem ter contato com mais áreas que possam interessá-las e trabalhar em
aspectos ligados à liderança.
Na prática, como
funcionam os benefícios para mulheres no MBA
Engenheira formada pelo ITA (Instituto Tecnológico
de Aeronáutica), Claudia Laine Adão chegou à Fuqua School of Business, da Universidade
Duke, querendo complementar sua formação. “Eu queria juntar a parte
numérica, que eu tinha da engenharia, à estratégica, em que eu tinha
interesse”, resume a brasileira, que trabalhou como engenheira de petróleo na
Petrobrás depois de se formar.
Quando tomou a decisão e resolveu se candidatar aos
programas de MBA, mirou as business schools de destaque. “Como eu quero
fazer grandes coisas, eu preciso estar entre os melhores. Foi isso que me guiou
quando eu escolhi o ITA e também na hora de fazer o MBA”, conta ela. O
diferencial da Duke, instituição que Claudia escolheu, foi a combinação de
turmas menores com o foco em liderança e trabalho em equipe.
Encontrou, na universidade americana, várias
iniciativas voltadas para mulheres que trabalham em áreas predominantemente
masculinas, como a de negócios. No caso de Claudia, mesmo sua formação original
vinha de uma área com muito mais estudantes homens. “A gente brinca que o
número mágico da engenharia é 10%. Mas, é claro, eu tive experiência de
trabalhar em plataforma de petróleo, e ali o número era bem menor”, conta.
Em universidades como Duke, há um esforço para
eliminar os obstáculos que barram as mulheres interessadas na área, em especial
na Fuqua School of Business. “Aqui no MBA, eles têm um trabalho específico para
chamar mais mulheres, têm clubes voltados para isso, trazem palestrantes
mulheres… E também oferecem um programa de bolsas específico, da Forté
Foundation”, explica Claudia. Estes são incentivos que não só incentivam a
presença de mulheres no mundo dos negócios como, mais que isso, lhes permite
quebrar o “teto de vidro” e almejar posições cada vez mais altas.
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